[RESUMO] Andrea Ormond revisita a história do cinema brasileiro em três livros， nos quais， com tom ferino e rigor crítico， contrapõe-se a leituras mais tradicionais de nossa produção e defende a importância de gêneros desprezadosMega Casino Red Tiger Gaming， como o policial e as pornochanchadas.

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O cinema novo não é o ápice da produção brasileira. Os filmes policiais fazem diagnósticos precisos do país e de suas contradições. Obras como "Até que a Sorte nos Separe" e "Tô Ryca"， por sua vez， explicam melhor o Brasil dos anos 2010 do que muito filme elogiado do período.

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Conclusões assim， que pegam o leitor no contrapé， surgem aos borbotões nos "Ensaios de Cinema Brasileiro". A trilogia de livros de Andrea Ormond reúne uma série de análises sobre a história do filme nacional， escritas ao longo das últimas duas décadas. A autora faz uma revisão geral do cinema do país， em crônicas que mesclam o rigor crítico e o olhar livre de preconceitos.

O ator Jece Valadão em cena do filme quot;Eu Matei Lúcio Flávioquot; (1979)， dirigido por Antônio Calmon - Divulgação/Divulgação fortuner tiger

"A minha geração gostava dos Trapalhões， eles eram a nossa porta de entrada para o cinema brasileiro"， diz Ormond. "Nesse ponto， pouca coisa mudou: continua necessária a formação de um público interessado em se ver na tela. A produção de gênero me parece um ótimo atalho."

Ela completa: "O Brasil é o país do etnocentrismo invertido. Assim nasceu a visão de que sempre precisamos de uma chancela exterior para o cinema feito por aqui. Na verdade， o que precisamos é de brasileiros vendo filmes nacionais， estudando a história. O resto virá como consequência".

Os livros voltaram ao mercado pela Casa Rex no último mês de agosto， em edições revisadas e ampliadas， depois de oito anos do lançamento original. Os "Ensaios" mudaram um bocado， até mesmo em quantidade. A primeira versão do projeto saiu em dois volumes —um dedicado aos filmes do começo do século 20 até os anos 1970， o outro， à produção dos anos 1980 e 1990.

As novas edições mantêm a organização， mas os livros renasceram por completo. Os dois tomos quase dobraram em número de páginas， com capítulos novos e versões estendidas dos originais. Ganharam ainda um terceiro volume， sobre os filmes dos anos 2000 e 2010， e um complemento na forma de ensaio de 80 páginas a respeito do cineasta Walter Hugo Khouri， de "Estranho Encontro" (1958) e "Noite Vazia" (1964).

Tudo porque Ormond se viu instigada a rever o trabalho depois que a primeira edição esgotou nas livrarias. Seu esforço segue em movimento. Ela prepara um livro com as entrevistas que fez com cineastas importantes da história nacional， misturando perfis críticos com causos dos bastidores. "Estas são obras sobre cinema brasileiro que eu mesma gostaria de ler. Por isso as escrevo com tanto cuidado e tanta dedicação."

O empenho de Andrea Ormond com o tema vem de 2005， quando criou o blog Estranho Encontro. O projeto nasceu na onda efervescente da época， motivada， segundo ela， pelo diretor Carlos Reichenbach， que divulgava publicações do tipo. Pela próxima década —e depois na revista virtual Cinética， nos anos 2010—， ela partiu de uma homenagem a Khouri， seu cineasta favorito， para se aprofundar como poucos no filme brasileiro.

O mais interessante é que o sucesso do blog aconteceu em suas horas vagas. Ormond， antes uma advogada parecerista da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos)Mega Casino Red Tiger Gaming， trabalha hoje como servidora pública， escrevendo sobre direito em revistas especializadas. A crítica de cinema é um segundo ofício， que ela trata como exercício da cabeça.